terça-feira, 30 de dezembro de 2008

... O vazio

(foto de Thomas Doering)




…. Tentei me lembrar do que se tinha passado na noite anterior mas em vão, só serviu para aumentar a dor de cabeça, nunca gostei de beber demais, sempre quis ter o controlo da situação, ter a consciência do que fazia e este vazio incomodava – me, apesar de a minha amiga E. me ter garantido que não fiz nada que me pudesse arrepender, só que ela não parava de rir. Fiquei o domingo todo de ressaca. Segunda feira cheguei ao piso 12 com o coração acelerado e o corpo todo a tremer, ter visto o P. com outra mulher provocou um vendaval dentro de mim, não sabia como olhar para ele e quanto mais eu me aproximava do escritório mais eu tremia, até a voz tremeu ao dar bom dia a Dona L. que me cumprimentou com a sua habitual simpatia e foi me informando que o P. não vinha de manhã mas deixou instruções de trabalho. Se por um lado senti me aliviada por não ter de o encarar… por outro lado… fiquei triste a pensar que… eles estavam juntos… possivelmente até… dormiram juntos… as lágrimas caíram descontroladamente… mas porquê?... porque razão eu fiquei assim? Não nos conhecemos a não ser fisicamente… não fizemos juras de amor… simplesmente fizemos sexo… intenso… divino… completo…. mas só sexo… fechei os olhos e veio me à memória os seus beijos… o seu toque… o seu cheiro… comecei a deseja-lo e imaginei-o a acariciar-me… a minha mão deslizou pelas minhas coxas… e foi subindo… acariciei me… beijei os meus dedos como se fossem os seus lábios… as lágrimas continuavam a rolar pela minha face… intensifiquei as minhas caricias e gemi baixinho num misto de prazer e dor…

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

... Dor no peito

(foto de Alvaro Rioseco)
… Quando acordei demorei algum tempo a perceber onde estava e o que estava ali a fazer. Estava sozinha no quarto do aubergue, vi um bilhete na almofada era do P. “ desculpa te deixar só, não te acordei porque já estava muito atrasado, já estão à minha espera no aeroporto, depois explico te, beijo”. Agarrei me à almofada dele para sentir o seu cheiro e de olhos fechados veio me à memória a noite anterior… suspirei… espreguicei me….e… ahahahah… dei um pulo da cama… não podia ser tão tarde!!!! Não tardava estariam a bater à porta para eu sair. Vesti me apressadamente e dirigi me à recepção a correr e quase esbarrei com o empregado que já tinha instruções para me pôr fora do quarto…. que nervos… detestei o olhar dele. Dormi a manhã toda, agora tinha de acelerar, estava longe de casa e além dos compromissos que tinha reservado para esse sábado fui convidada para uma festa de aniversário da minha amiga E. Durante a tarde não parei de pensar no P. quem teria ele ido buscar ao aeroporto? Será que o Sr administrador desistiu da viagem? Se for verdade o P. segue o seu rumo para Itália e eu regresso ao piso 8… fiquei tão angustiada com esse pensamento. Entretanto chegou a hora de ir a festa da E. Apanhei boleia de outras colegas e fomos para um restaurante Marroquino, para nos deliciarmos com o típico couscous. Estávamos bem alegres e bem dispostas, quando o P. entrou acompanhado com uma belíssima mulher… o meu sorriso congelou… ele não me viu… sentou–se mais a frente de costas para mim…e a mulher que o acompanhava ficou de frente… senti me a ficar ruborizada… senti algo dentro de mim a doer… entrei dentro de um túnel sem som… eu só os via aos dois… ouvia muito ao longe alguém a chamar por mim… mas… só respondi quando me sacudiram… e me fizeram sair do túnel, eram as minhas colegas que estavam preocupadas com a minha reacção. Tentei disfarçar o melhor que pude… mas não consegui tragar mais nada … mil pensamentos povoavam a minha mente, afinal que sabia eu daquele homem?… seria casado?... noivo?... entregamos nos aos prazeres da carne sem sabermos nada um do outro… nunca fizemos perguntas… simplesmente nos entregávamos sem reservas… afinal o que sentia eu por ele? amor?,… atracção física?... eu não sabia…só sabia que me doía e muito vê-lo ali acompanhado por aquela mulher. Não sei a que horas acabou o jantar só sei que fui arrastada dali porque nem conseguia me levantar… ainda brincaram comigo a pensarem que eu tinha bebido demais… eu estava atordoada sim … mas não era da bebida, pelo menos naquele momento. Não me lembro de ter entrado na discoteca … nem de ter saído… só sei que acordei em casa da minha amiga E. com uma grandessíssima dor de cabeça...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

... No aubergue

… Nenhum de nós tomava a iniciativa de ir embora, era bem visível nos nossos olhares o desejo que sentíamos um pelo outro… a ansiedade ia crescendo… a necessidade de nos tocarmos também…. Procuramos um aubergue ali perto… na recepção senti que olhavam par mim como se eu o tivesse conhecido naquela noite… não me importei… quando estava com ele nada mais me importava… mal perdemos de vista a recepção, começamos a correr para o quarto… famintos um do outro… entre beijos e carícias fomos atirando a nossa roupa pelo ar… nem ligamos a luz… a luminosidade que vinha do exterior era suficiente para apreciarmos os nossos corpos… e nos amarmos… e nem sequer nos deitamos na cama… fomos atraídos pela luz que vinha da janela… olhamos para o exterior… a lua cheia mirava se no sena… sorridente… cúmplice… ele por trás de mim beijava me o pescoço… falava me ao ouvido…baixinho… fazendo me estremecer…. enquanto a sua língua me percorria as costas as suas mãos deslizavam pelos meus seios… meu ventre… meus gemidos iam se intensificando… inclinou me ligeiramente… apoiei-me no parapeito da janela… sua língua subiu pelas minhas coxas ávida por chegar ao meu sexo húmido e ansioso pelo toque dele… fiquei louca de desejo… gemi cerrando os olhos… depois de me saborear entrou em mim… os nossos movimentos ritmados faziam parecer que a lua dançava ao nosso ritmo… os movimentos se intensificaram…nossos gemidos se misturaram… nossos fluidos se fundiram… e a lua reluzia… fomos para a cama e pela primeira vez deixamo nos adormecer sem receios de sermos apanhados...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

... Passeio nocturno


… Já era tarde … estava na hora de irmos embora… por mim ficávamos ali…. a noite toda no sofá do escritório… reparando na minha preguiça ele foi me vestindo... intercalando com beijos e isso ainda me dava mais vontade de ficar mas… resisti e não o provoquei. Descemos o elevador… àquela hora estávamos completamente sozinhos… olhei para ele com malícia… ele percebeu… riu-se… aproximou-se de mim beijou-me deliciosamente e ficou abraçado a mim até chegarmos ao piso 0. Em vez de chamar um táxi ele quis me levar a casa. Andou às voltas por aquelas avenidas, também lhe estava a custar separar se de mim, íamos ficar um fim de semana sem nos vermos. Ainda não tínhamos jantado e os nossos corpos já estavam a reclamar do vazio. Ele parou perto do Sena , procuramos um vendedor de hot dog, e fomos comer perto do rio. A noite estava fria mas o céu estava luminoso assim como toda cidade, que àquela hora estava adormecida, uma sensação de paz e felicidade invadiu todo o meu ser, se pudesse parava o tempo para desfrutar mais longamente aquele momento… não precisávamos de falar … os nossos pensamentos entendiam se e comunicavam em segredo … ficamos ali… em cima da ponte a olhar a àgua a correr… e a comer os hot dog … entre trocas de beijos…

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

... Sous le ciel de Paris

… Deitamo-nos no sofá, tanto eu como ele não tínhamos pressa em nos separarmos, já estávamos juntos há 3 horas, claro que já não tinha autocarro para regressar a casa, mas isso não me preocupava, era tão bom estar nos seus braços que mais nada importava… tínhamos de encontrar um espaço só para nós, onde não fossemos interrompidos…. e… já deixamos marcas das nossas aventuras na alcatifa … no sofá… e está a ser difícil elimina-las o que irá pensar o Sr. Administrador quando regressar do estrangeiro… pensando nele, recordou-me, novamente, o romance dele com a Dona L, e o primeiro ninho de amor que eles tiveram num bairro simples de Paris. Eram umas águas furtadas envidraçadas, e enquanto ela me confidenciava o seu segredo, o seu olhar ficava ausente como se tivesse a viver esses momentos noutra dimensão, momentos delirantes sobe o olhar atento das estrelas… ou momentos intensos com a musica da chuva a cair … ou com a beleza da neve . Estremeci com estes pensamentos, ele abraçou me e perguntou se eu tinha frio, aproveitei para lhe falar em termos o nosso espaço, ele achou boa ideia, tínhamos de falar com dona L. para nos ajudar a encontrar o nosso ninho… e continuamos deitados saboreando a pele e o cheiro um do outro…

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

... Instinto animal


… E a vontade de continuar foi crescendo, desci…beijei o seu pescoço… demoradamente… e ele continuava adormecido… fui descendo sem parar de olhar para ele … não sabia se ele estava a tentar resistir me se estava mesmo adormecido …a veia no seu pescoço denunciava o ….mas…. podia estar a sonhar e a gostar… continuei a descer… demorei no seu ventre… seu sexo agitou se… mas ele continuava com aspecto de quem estava a dormir… já era altura de ele começar a gemer… contornei o seu sexo … desci para as coxas… minha língua passeava … vagarosa… parei perto dos joelhos … depois subi por entre as coxas… fui me aproximando… fiquei com a certeza que ele estava a atentar resistir… seu sexo não parava... expectante… os músculos do rosto se contraíam… isso excitou me… divertiu me… cheguei bem perto daquele majestoso músculo… beijei o… humedeci o… parei … sentei me no chão … olhando para ele sentado no sofá simulando que estava a dormir… ele abriu o olho para espreitar o que eu estava a fazer… soltei uma gargalhada… ele também… deitou se em cima de mim beijou me avidamente… devorou o meu corpo… humedeceu me… pôs me de quatro no sofá… entrou em mim… deliciosamente… passeou as suas unhas pelo meu dorso… pelas minhas nádegas… mordiscou me o pescoço… sentimo-nos como dois felinos… rugimos… juntos…




terça-feira, 2 de dezembro de 2008

... Je ne regrette rien...


…” Não me arrependo de nada , voltaria a fazer tudo igual “ disse-me ela. “cada momento vivido com este homem foi intenso e inesquecível nunca teria sido igual se tivéssemos casado, as noites de solidão, os dias que ele passava em família, foram largamente compensados” e recordou com emoção uma das viagens que fizeram a Londres. Ele marcava sempre as visitas a clientes para as sextas-feiras , embarcava sempre à quinta–feira ao fim do dia, e Dona L embarcava sempre no dia seguinte depois da hora do expediente, para não darem pela falta dela, ele depois ia esperar por ela ao aeroporto e seguiam para o hotel. Nessa viagem ela teve uma surpresa, quando chegou ao quarto do hotel, tinha em cima da cama uma belíssima lingerie vermelha, claro que naquela época não seriam tão ousadas , mas eram muito requintadas, e vivendo eles em Paris, capital da moda, eram de certeza peças com muito glamour. Ela ficou deliciada com a maciez e beleza das peças. Ele saiu do quarto para ela vestir a lingerie e esperou na salinha. Quando ela apareceu ele ficou sem fala , ela sentiu se como uma rainha , disse ela, que o olhar dele valeu por todas as palavras. Eu sabia como era esse olhar, o filho dele o P... o homem que estava nos meus braços tinha o mesmo olhar, estremeci só de pensar... olhei para ele adormecido... comigo no seu colo beijei-o ternamente….